Por: mundocybernet@dmin
10/07/2024
A BRS Kurumi é uma cultivar de capim-elefante desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite, que se destaca pelo seu porte baixo, alto valor nutritivo e potencial de produção de forragem.
Este artigo tem como objetivo fornecer um guia completo sobre a BRS Kurumi, abordando desde suas características até as melhores práticas de manejo, para que produtores rurais possam tirar o máximo proveito dessa cultivar.
História e Desenvolvimento da BRS Kurumi
A cultivar BRS Kurumi foi obtida a partir de cruzamentos realizados entre as cv’s Merkeron de Pinda (BAGCE 19) e Roxo (BAGCE 57), ambas pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma de capim-elefante (BAGCE). A Merkeron de Pinda apresenta um gene recessivo para nanismo, o que resultou em progênies de porte baixo e coloração verde, características que definem a BRS Kurumi. Registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 17/04/2012, sob o número 28690, a cultivar foi lançada pela Embrapa em 2014.
Características da BRS Kurumi
A BRS Kurumi é um clone de capim-elefante que se propaga vegetativamente e possui um ciclo perene. A planta é de porte baixo, recomendada para uso sob corte ou pastejo, formando touceiras semiabertas com folhas e colmos verdes e internódios curtos. A cultivar apresenta crescimento vegetativo vigoroso, rápida expansão foliar e intenso perfilhamento basal e axilar. O florescimento ocorre entre junho e julho, quando os colmos se alongam, e as gemas do colmo apresentam excelente capacidade de brotação.
Potencial de Produção e Valor Nutritivo
A BRS Kurumi se destaca pela elevada produção de forragem, atingindo até 30 toneladas por hectare por ano de matéria seca (MS). Além disso, apresenta alto valor nutritivo, com teor de proteína bruta entre 18% e 20% e digestibilidade variando de 68% a 70%. A cultivar possui uma elevada relação folha/caule, o que facilita o manejo devido ao seu porte baixo.
Formas de Utilização
A forma preferencial de utilização da BRS Kurumi é o pastejo em sistema de lotação rotacionada. Contudo, a cultivar também pode ser utilizada na forma de picado verde e silagem, embora o rendimento seja menor em comparação com a BRS Capiaçu.
Segurança Alimentar para Bovinos
A forragem da BRS Kurumi é segura para bovinos, pois não apresenta componentes que possam causar intoxicação. Assim, pode ser fornecida aos animais sem restrições.
Exigências de Solo e Preparação para Plantio
A BRS Kurumi deve ser plantada em solos profundos, bem drenados e de boa fertilidade. É importante evitar o plantio em áreas anteriormente ocupadas por espécies do gênero Brachiaria, especialmente B. decumbens e B. brizantha, devido ao banco de sementes que podem competir com a BRS Kurumi. Nessas situações, recomenda-se um controle rigoroso das braquiárias por meio de dessecações e gradagens, além do uso de herbicidas pré-emergentes seletivos para capim-elefante.
Adaptação a Condições Climáticas
A BRS Kurumi não é adaptada a solos muito úmidos ou encharcados. No entanto, apresenta maior tolerância ao frio em comparação a outras cultivares de capim-elefante e forrageiras tropicais. Em condições de frio intenso ou geadas, pode ocorrer queima das folhas e perfilhos, mas as touceiras geralmente se recuperam após o inverno. Embora seja tolerante ao estresse hídrico, períodos secos muito prolongados podem afetar a produção de forragem.
Vantagens e Desvantagens do Cultivo da BRS Kurumi
Entre as principais vantagens da BRS Kurumi estão a elevada produção de forragem, excelente valor nutritivo, palatabilidade, velocidade de rebrota e facilidade de manejo em comparação a outras forrageiras como Panicum maximum. Por outro lado, as desvantagens incluem o plantio por mudas, que eleva os custos de implantação, e a suscetibilidade às cigarrinhas-das-pastagens. Além disso, a cultivar é exigente em relação à fertilidade do solo e pode apresentar menor capacidade competitiva com plantas daninhas na ausência de adubações de reposição.
Inoculantes e Fixação de Nitrogênio
Atualmente, não existe um inoculante específico para capim-elefante que promova a fixação de nitrogênio atmosférico no solo. No entanto, estudos indicam que o capim-elefante pode fixar nitrogênio por meio de associação com bactérias como Azospirillum. Espera-se que, no futuro, sejam desenvolvidos inoculantes para capim-elefante, o que poderá reduzir o uso de adubos nitrogenados.
Adaptação a Diversas Regiões do Brasil
A BRS Kurumi é adaptada a locais de clima tropical e subtropical, sendo recomendada para cultivo nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. A cultivar também tem mostrado boa adaptação às condições do bioma Pampa na Região Sul do Brasil.
Aquisição de Mudas e Estacas
A Embrapa credenciou uma rede de viveiristas que comercializam mudas ou estacas certificadas da BRS Kurumi. A relação dos viveiristas credenciados está disponível no site da Embrapa.
Produção de Mudas
Para obter uma boa brotação das gemas, os colmos para cultivo devem estar maduros, com mais de 100 dias de rebrota ou crescimento. O espaçamento recomendado para formação de viveiro de mudas é de 1,0 x 1,0m entre covas, visando reduzir a competição entre plantas e favorecer maior perfilhamento das touceiras. O cultivo de um hectare de viveiro da BRS Kurumi produz colmos para plantio de 4 a 5 hectares, considerando um plantio convencional. Para aumentar essa taxa de multiplicação, os colmos podem ser subdivididos em pedaços menores, plantados em copos plásticos perfurados, tubetes ou sacos plásticos para mudas.
Plantio e Tratos Culturais
O plantio da BRS Kurumi deve ser realizado no início da época chuvosa. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, recomenda-se o plantio entre novembro e meados de janeiro. Na Região Sul, o plantio pode ser feito de setembro a fevereiro. O solo deve ser preparado de forma convencional, visando torná-lo destorroado e uniforme. Em áreas estabelecidas com capins do gênero Brachiaria, são necessárias mais operações para eliminar ao máximo essa forrageira.
Adubação e Cobertura
A recomendação de adubação de plantio e cobertura para a BRS Kurumi é similar à da cultivar BRS Capiaçu. A adubação de cobertura deve ser realizada quando as plantas estiverem com altura média de 30 cm e após cada pastejo, aplicando-se 1.000 kg/ha/ano da fórmula 20-05-20, fracionadas em cinco ou seis aplicações durante a época chuvosa. Em solos com concentração de potássio acima de 100 mg/kg, não é necessário aplicar fontes de potássio. A ureia pode ser utilizada para suprir a demanda por nitrogênio, com recomendação de 200 kg/ha/ano de nitrogênio, equivalentes a 444 kg de ureia.
Espaçamento e Plantio Mecanizado
O espaçamento recomendado para o plantio da BRS Kurumi varia de 50 cm a 80 cm entre sulcos com 20 cm de profundidade. Espaçamentos menores aceleram o fechamento das entrelinhas, mas aumentam a demanda por mudas. Atualmente, não existem plantadeiras mecanizadas específicas para o cultivo do capim-elefante. No entanto, a BRS Kurumi pode ser plantada com plantadeiras usadas para cana-de-açúcar ou mandioca, com ajustes no sistema de distribuição dos toletes.
Consorciação com Outras Forrageiras
É possível consorciar a BRS Kurumi com outras forrageiras, embora a agressividade de desenvolvimento da cultivar no verão possa dificultar o crescimento de outras espécies. Na Região Sul do Brasil, durante o inverno, é possível plantar leguminosas como ervilhaca, que produzem forragem e fixam nitrogênio no solo, beneficiando a BRS Kurumi.
Irrigação Estratégica
A irrigação estratégica é recomendada para fornecer água às plantas em momentos críticos, como veranicos ou períodos de estiagem. Nas regiões onde a temperatura média das mínimas é inferior a 15 °C, a resposta das gramíneas forrageiras tropicais na produção de biomassa é reduzida.
Portanto, a irrigação estratégica é uma excelente alternativa nas regiões onde as baixas temperaturas não limitam o crescimento das forrageiras tropicais, garantindo maior produção de matéria seca da BRS Kurumi.
Conclusão
A BRS Kurumi é uma cultivar de capim-elefante que combina alto valor nutritivo, elevado potencial de produção de forragem e facilidade de manejo, tornando-se uma excelente opção para produtores rurais. Suas características únicas, como o porte baixo e a alta relação folha/caule, permitem uma utilização eficiente tanto em sistemas de pastejo rotacionado quanto na forma de picado verde e silagem.
Com a adoção das práticas de manejo adequadas e a atenção às exigências de solo e clima, a BRS Kurumi pode proporcionar uma produção sustentável e rentável para os pecuaristas, contribuindo para a segurança alimentar dos rebanhos e a sustentabilidade das propriedades rurais.
Referência: EMBRAPA
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